Ficar rolando a noite toda na cama, virar para um lado, para o outro e não conseguir dormir. Se isso acontece somente às vezes, não tem problema, pois preocupações ou a ansiedade de alguns dias podem atrapalhar o sono. Mas se isso é frequente nas suas noites, você tem um problema de saúde aí.
A função do sono não é apenas descansar o corpo e a mente. Dormir também é fundamental para que nosso organismo mantenha o equilíbrio bioquímico, principalmente os processos de produção e liberação de hormônios.
Em artigos anteriores falamos sobre os benefícios de uma boa noite de sono e dicas para dormir bem, onde abordamos o quanto dormir é importante em diversos aspectos da vida e saúde.
Neste artigo vamos falar sobre os principais problemas causados por noites de sono sem qualidade. Dormir menos do que deveríamos tem efeitos imediatos no nosso organismo, como falta de disposição, dificuldade de foco e concentração e menor retenção de informações. Além disso, a longo prazo aumenta o risco do desenvolvimento de diversas doenças.
Distúrbios do sono
A falta de sono já passou de algo raro para um problema que afeta boa parte da população. Segundo estudo de março de 2019 realizado pelo Datafolha em conjunto com o Instituto do Sono, 23% dos paulistas (cerca de 4,8% da população brasileira ou 10 milhões de pessoas) se queixam de dormirem pouco.
Problemas para adormecer, permanecer dormindo ou ter um sono de boa qualidade podem ocorrer mesmo com o tempo e o ambiente adequados para dormir bem.
Os distúrbios a curto prazo podem ser causados por estresse ou mudanças em sua programação ou ambiente. Podem durar alguns dias ou até semanas. Já a insônia crônica (de longo prazo) ocorre três ou mais noites por semana, durante mais de três meses e não pode ser totalmente explicada por outro problema de saúde ou medicamento.
A pessoa pode ter um risco maior de insônia devido à idade, ao histórico familiar, à genética, ao ambiente de trabalho e ao estilo de vida, que pode gerar estresse ou preocupação. Porém, é preciso identificar o que está causando o problema para então buscar alternativas para resolvê-lo.
Problemas de saúde a curto prazo
A curto prazo, a falta de dormir ou as noites mal dormidas podem dificultar a concentração ou o raciocínio claro, causando irritação, tristeza, fadiga e dores de cabeça, além de comprometer o rendimento nas tarefas diárias. A fadiga é um dos principais sintomas e deve ser diferenciada do cansaço.
A fadiga é uma incapacidade de manter o funcionamento ao nível normal da capacidade da pessoa. Desta forma, manifesta-se como uma sensação de falta de energia não justificada por esforços intensos.
A falta de sono interfere em outros aspectos da nossa saúde e vida, tais como:
- Alimentação inadequada, pobre em nutrientes. A falta de sono está vinculada ao aumento de peso, obesidade e ao diabetes, pois aumenta o apetite e a resistência à insulina. Além disso, dormir bem é essencial para a regulação do metabolismo, sobretudo em crianças, e há evidências da relação entre horas de sono e incidência de obesidade infantil.
- Dormir pouco tem relação com uma variedade de transtornos físicos, mentais e de comportamento, especialmente problemas psicológicos, depressão e ansiedade.
- Diminui o rendimento físico, pois o corpo precisa de energia, além do processo de regeneração de tecidos cerebrais e físicos ocorrer enquanto dormimos. Se não há descanso, não há recuperação correta e isso afeta o rendimento físico e intelectual.
- Limitação cognitiva, impactando a capacidade de atenção, a recuperação da memória e a aprendizagem.
- Infecções e doenças autoimune, pois com menos horas para regular os sistemas, o organismo sofre alterações nos padrões de respostas imunes, tornando-o mais frágil.
- Dores musculares, pois o corpo ficará tenso por não conseguir se recuperar totalmente. Isso leva a um cansaço da musculatura.
Problemas de saúde a longo prazo
A insônia pode ser aguda ou crônica. A insônia crônica é aquela que ocorre pelo menos três vezes por semana por, no mínimo, três meses. De acordo com um estudo do Instituto do Sono, 15% da população adulta geral de São Paulo apresenta insônia crônica.
A longo prazo, a falta de dormir pode afetar o funcionamento do cérebro, do coração e de outras partes do corpo, aumentando o risco de problemas respiratórios, cardíacos, de saúde mental e, inclusive, do sistema imunológico.
No caso do sistema nervoso, pode levar a uma alteração de memória definitiva, empurrando as pessoas para um diagnóstico de demência, Alzheimer ou doenças neurodegenerativas na terceira idade. Além disso, existe um risco maior de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
O sistema cardiovascular pode ser seriamente afetado pela falta de sono, podendo desenvolver uma doença cardíaca como o aumento do colesterol ruim, aumento da pressão arterial e o desenvolvimento de diabetes.
Dicas para dormir bem
O ideal é tentar identificar o que está te impedindo de ter uma noite de sono com qualidade e então tratar esse problema, porém existem algumas coisas que você pode fazer para te ajudar a ‘pegar no sono’ e passar a noite toda dormindo.
Alguns fatores que contribuem para uma boa noite de sono é ter um ambiente escuro, que interfere n a queda de temperatura corporal e na secreção da melatonina, hormônio que induz o sono.
É importante evitar café, exercícios físicos, computador e muita luz antes de se deitar. A alimentação deve ser mais leve, com carboidratos, leites e derivados.
Para conferir outras dicas, confira o nosso artigo Dicas para dormir bem – o que fazer e o que evitar.
Quando é hora de procurar ajuda?
Quando os problemas de sono persistem e estão prejudicando o seu humor ou a sua rotina diária, é importante que você procure ajuda médica.